Há poucos dias o debate e a votação sobre a Constitucionalidade do Exame da Ordem para o exercício da advocacia no Brasil tomaram conta dos debates na imprensa e principalmente no interior da comunidade jurídica, desde as salas de aula das faculdades de direito aos Tribunais. A FENED aproveita esse importante momento, de efervescência em torno dessa discussão, para apresentar ao conjunto de estudantes de direito e profissionais jurídicos um pouco do seu acúmulo histórico e externar o seu posicionamento oficial enquanto entidade nacional representativa de estudantes de direito de todo o Brasil. Entendemos que essa é uma das tarefas da FENED, atenta às mudanças no cenário educacional e jurídico, já que o debate desta temática está longe de se esgotar, exigindo diariamente nosso aprofundamento. A FENED entende, antes de adentrar no mérito da questão, que precisamos compreender os rumos da educação superior no Brasil. Um cenário em que quase 80% dos cursos são ofertados pela iniciativa privada, isto é, uma educação superior completamente privatizada. Porém, com a maior parte da pesquisa e da extensão, responsáveis pela garantia constitucional do tripé ensino-pesquisa-extensão, presente na Universidade pública. Contradição que precisa ser resolvida. Segundo dados oficiais, o curso de Direito figura como o terceiro mais expandido nas últimas duas décadas, ficando atrás somente dos cursos de Administração e Pedagogia. Recentemente, o MEC autorizou a criação de mais nove cursos de Direito e também o primeiro curso à distância. Somos a favor de uma expansão do curso de Direito e de toda a Universidade.Não queremos voltar no tempo, em que apenas filhos de latifundiários ricos e comerciantes é que tinham acesso à educação superior. Entretanto a expansão não pode ser meramente quantitativa. Precisamos é de uma expansão com qualidade, pública, gratuita e com financiamento adequado. Por estas razões somos contrários às políticas de expansão desde a era FHC, passando por Lula e agora no governo Dilma. As propagandas são muito bonitas, mas a realidade é infelizmente oposta. E somos a favor sim, em conjunto com outras entidades e movimentos nacionais, como o sindicato dos professores – ANDES/SN – da destinação de 10% do PIB para a educação pública, já! Assim para falarmos do Exame da Ordem, temos que nos situar dentro deste complexo contexto. A FENED desde 2010 é contrária ao Exame, e em 2011 ratificou essa posição. De forma alguma fazemos coro com aqueles que pedem o fim do exame só porque não são aprovados. Queremos discutir muito além da Constitucionalidade ou não da prova e da competência da OAB. Obviamente também não defendemos que o Exame seja abolido para amanhã, pois isso nos causaria uma série de transtornos. Sermos contrários ao Exame não significa que defendamos a banalização da advocacia. Que fique claro. Antes de tudo, significa dizer que, se a Universidade não serve para preparar bons profissionais, para que serve afinal? Por que a OAB não se preocupa em decidir conjuntamente com o MEC sobre a criação de novos cursos e sua qualidade, mas tanto se afoita quando os bacharéis são jogados no mercado? O Exame se preocupa mais com a qualidade da educação ou com o dinheiro que arrecada a cada prova? Aliás, quanto a OAB arrecada com a inscrição dos estudantes na prova, que agora se dá três vezes por ano? E os cursinhos privados, em que muitos dos advogados defensores do Exame da Ordem são os próprios donos? Acreditamos que há uma preocupação da Ordem muito maior em relação à reserva de mercado e aos lucros da instituição e dos donos de cursinhos privados do que propriamente com a qualidade dos cursos de Direito. Estes são alguns dos debates que levantamos, sabendo que não possuímos a verdade absoluta, mas que problematizando a questão buscamos a melhoria urgente da qualidade dos cursos e saídas coletivas para esse imbróglio que já dura muito tempo. A FENED não pretende transformar a OAB em sua inimiga, tampouco se distanciar dos estudantes a partir de uma única posição. Mas, pensamos ser necessária a construção de um fórum permanente de debates com todas as entidades do âmbito jurídico, movimentos sociais, sindicatos, estudantes e professores para continuarmos o debate de forma democrática e transparente. Além disso, reafirmamos a nossa principal tarefa ao longo deste período 2011/2012 que é a reconstrução do Plano Político Pedagógico – PPP – da FENED, como uma proposta base dos estudantes para os cursos de Direito de todo o país. Assim, fazemos este convite público e nos colocamos disponíveis à realização de uma discussão saudável. Orientamos, também, para os Coletivos, Centros e Diretórios Acadêmicos filiados à FENED: a)Mobilização pela construção e organização do fórum nacional permanente de debate sobre o Exame da Ordem; b)Realização de amplos debates sobre o Exame da Ordem, nas faculdades, em conjunto com a OAB e demais entidades; c)Construção dos comitês locais em cada estado em defesa dos 10% do PIB para a educação pública, já! Federação Nacional de Estudantes de Direito - FENED |
A economia global está prestes a enfrentar uma nova e mais profunda recessão de empregos, que pode causar turbulências sociais em países desenvolvidos, segundo relatório da Organização Internacional de Trabalho (OIT).
A entidade afirma que levará pelo menos cinco anos para que o desemprego seja reduzido aos números de antes da crise e que, em 45 dos 118 países pesquisados, o risco de turbulências sociais vem aumentando.
O documento afirma que seria necessária a criação de 80 milhões de novas vagas de trabalho nos próximos dois anos para que o desemprego seja reduzido para os índices de antes de 2008, mas a previsão é que de sejam criados apenas metade destes postos.
"Chegamos à hora da verdade", afirmou Raymond Torres, diretor do instituto de pesquisas da OIT. "Há uma breve janela de oportunidade para que evitemos uma grande queda nos níveis de emprego."
Zona do euro
O relatório também avaliou o grau de descontentamento causado pela falta de trabalho e a percepção de que os sacrifícios exigidos pela crise não estão sendo igualmente compartilhados.
O documento afirma que vários países enfrentam a possibilidade de turbulências sociais, especialmente na União Europeia, nas economias desenvolvidas e em nações árabes. Já na América Latina e na África Subsaariana, o risco não se alterou ou diminuiu.
Em 69 dos países com dados disponíveis, a OIT observou um aumento do número de pessoas que consideram que houve uma piora do padrão de vida. E a maioria dos consultados em metade dos 99 países onde foram realizadas entrevistas afirmaram que não confiam em seus governos.
Nos países desenvolvidos, mais de 50% das pessoas manifestaram que não estão satisfeitas com a oferta de empregos qualificados - em países como Grécia, Itália, Portugal, Eslovênia e Espanha, o índice foi superior a 70%.
Nesta segunda-feira, a divulgação de novos dados apontou que o desemprego nos 17 países da zona do euro subiu de 10,1% em agosto para 10,2% em setembro, o maior índice desde junho de 2010. O índice representa mais de 16 milhões de desempregados.
Entre os 27 países da União Europeia, o desemprego subiu de 9,6% em agosto para 9,7% em setembro. O problema é mais grave na Espanha, com 22,6% de desempregados - os países com menores índices são Áustria (3,9%) e Holanda (4,5%).